Eu li em algum lugar, já não lembro onde (talvez no Allmusic ou no All About Jazz), que o jazz é o estilo musical mais tocado em elevadores, salas de estar, programas de TV, filmes, comerciais, ou seja, talvez o estilo mais usado pelas mídias, porém ao mesmo tempo é o que menos vende discos. Seus ouvintes formam um seleto nicho que abocanha tudo o que surge. Mesmo assim, há várias opções. Dentro em breve, falarei sobre um dos meus artistas favoritos e seu álbum deste ano, Pat Metheny.
De qualquer forma, eu estava almoçando e assistindo ao Video Show esta semana quando começou um quadro em que a Cissa Guimarães visitava a casa de Kadu Moliterno. Entrando no quarto de um dos seus filhos, surpreende o mesmo treinando uma música no teclado. Não precisei de muito tempo para reconhecê-la: Blue Rondo à lá Turk.
Intrigou-me que uma música cultuada do jazz aparecesse assim na telinha. Explicando melhor, acontece que essa música, quando composta (e lançada) em 1959 pelo jazzista Dave Brubeck (e seu quarteto), causou um certo impacto. Mesmo tendo um estilo à primeira vista dançante e de fácil apreensão por parte do ouvinte, ela possui um compasso anormal de 9/8! O ritmo que rege sua introdução é alucinado, quase que o pai do cultuado trance.
Foi aí que lembrei da frase lá de cima sobre o jazz: ele está em tudo, é citado/recriado/retocado/ reutilizado por todos, sempre. Alguns creditam, outros não. Então, resolvi pesquisar sobre a música em questão. E acabei decidindo falar sobre sua influência no mundo da música através de um Top 5 meio… hm… contextual. Clique no link ao fim da postagem e continue ouvindo! :)
- E se você curtiu este Top 5 que transcende gêneros e estilos musicais, então ouça o Top 5 Especial com grandes clássicos coverizados pela Ukulele Orchestra of Great Britain!
5: David Eure & Yasko Kubota
Primeiro, o próprio jazz acabou por homenagear um de seus maiores clássicos. Diversos jazzistas, grupos de jazz, mesmo escolas com projetos musicais, fizeram versões ou usaram a música em seus recitais. Apresento abaixo, mesmo embora o som seja um pouco abafado, uma versão de tirar o fôlego!
4: James Callaghan
Outro jazzista, este um tanto quanto desconhecido ainda, junto com sua banda. Ele é o baterista e ouça mais dele em seu MySpace.
3: Multitrack
Claro que os “artistas do Youtube” não poderiam ficar de fora do Top! Separei o artista abaixo, Gustavo Adolfo Mantilla Carrascal, que toca sozinho, utilizando o famoso método de se filmar e se gravar em diferentes canais, que foi maravilhosamente bem aproveitado na homenagem a John Williams ou mesmo por Sam Tsui, de quem já falei aqui.
2: Emerson, Lake & Palmer
O Rock Progressivo também já fez sua homenagem ao clássico de Dave Brubeck. Além do ELP, exposto abaixo, a banda italiana Le Orme também se atreveu a adentrar o labirinto do compasso louco. Ao ouvir, preste atenção: enquanto a versão italiana se assemelha um pouco à melodia original, esta do ELP é uma recriação, a qual extrapola todos os limites do original e mostra uma das performances mais fortes e doidas de um período em que fazer música era por si só um grito de liberdade de expressão. (Obs.: A versão final ficou tão diferente da original que depois de algum tempo, eles passaram a chamá-la apenas de Rondo.)
1: Al Jarreau
O premiado cantor Al Jarreau não poderia ficar de fora. Inventivo, ele fez sua versão desta música para seu álbum Breakin’ Away, de 1981. Baseado (talvez) no que outro grande nome no vocal jazzístico, Claude Nougaro, fez em sua versão, Al criou uma linha de voz para esta música. Magnífico! Ouça e comprove! :)